Esquina Invisível de Minas
Lá, no espaço branco da montanha,
no vento aguardente e vazio,
as montanhas de Minas se perdem além da procissão da memória.
A poesia, lá, é vaga-lume
é Vagabunda
é Vagar
A poesia vaga devagar,
riso bordado lavrador,
mão calejada de barro,
água suja de cultura.
Os homens-boi de lá
Os homens-peixe de lá
Os homens-pedra de lá esperam a esperança sem medo sem nome sem miséria sem quebranto.
Lá, estrelas se acendem sem querer
respiram o cansaço do chão
e rimam a música que escorre do corpo
que escorre da fala
que escorre da solidão.
E bem longe do horizonte,
o rio engole a terra que engole o ouro que engole o trabalho que engole a angústia que engole a fome que engole o homem que engole o desejo que engole o amor que engole a vida.
Lá a vida se bebe em goles de pôr-do-sol ao lado do fogão de lenha,
palavra forte, resistência.
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