No
feriado, pesquisava um tema para escrever esta coluna e me deparei com a
dissertação de mestrado intitulada “Recursos Naturais, unidades de conservação
e conflitos socioambientais: estudo de caso da Reserva Biológica da Mata Escura
no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais”, brilhantemente escrita pelo paulista
Denis Cardoso e orientada pelo professor Doutor Ernesto Filippi. Trata-se de um
trabalho provocativo que discute com esmero sobre a criação, em 2003, da
Unidade de Conservação da Reserva Biológica da Mata Escura, entre os Municípios
de Jequitinhonha e Almenara, e, sobretudo, sobre os impactos que essa criação
gerou no interior e no entorno dessa Unidade de Conservação.
De forma pioneira e sob o mote geral do
complexo desenredo entre homem e natureza, expõe questões como a fragilidade
das políticas públicas brasileiras no que se refere à preservação dos recursos
naturais e, concomitantemente, à falta de respeito às idiossincrasias e ao
conhecimento de comunidades tradicionais, indígenas, caiçaras, quilombolas e
agricultores, envolvidos direta ou indiretamente na implantação das UC’s. Em
seu texto, Denis Cardoso se utiliza de dois paradigmas principais, isto é,
recursos naturais e conflitos socioambientais, colocando-os de modos
complementares e inter-relacionados. Além disso, destaca a relevância que os
Assentamentos Craúno e Brejão; e as Comunidades Mumbuca, Maranhão e Nova
Araçatuba tiveram para o desenvolvimento do trabalho, e a importância de se
refletir acerca dos impactos que tais assentamentos e comunidades sofreram com
a implantação da Reserva Biológica da Mata Escura.
O
trabalho desse paulista é de extrema relevância não só para que tomemos
conhecimento do “ouro” ambiental que temos em nosso município (mais de 90% da
reserva está localizada em Jequitinhonha), mas também que para que exijamos de
nossos políticos, principalmente, de nossos futuros candidatos a vereador e a
prefeito, projetos específicos que tratem da Reserva Biológica da Mata Escura e
de sua preservação sustentável. Já passou da hora de sabermos os irreveláveis
segredos dessas Minas Gerais Jequitinhonhenses. E também já passou da hora de
os enxergarmos em suas entrelinhas e de defendê-los e compreendê-los. Tomara
que todos os jequitinhonhense se interessem em ler este belo trabalho
científico, pois ele nos deixa pistas bastante esclarecedores sobre a
problemática relação do HOMEM com a NATUREZA e sobre as incertezas variadas que
se misturam nesse verdadeiro tabuleiro de xadrez.