sexta-feira, 15 de junho de 2012

Um olhar paulista sobre a Reserva Biológica da Mata Escura


No feriado, pesquisava um tema para escrever esta coluna e me deparei com a dissertação de mestrado intitulada “Recursos Naturais, unidades de conservação e conflitos socioambientais: estudo de caso da Reserva Biológica da Mata Escura no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais”, brilhantemente escrita pelo paulista Denis Cardoso e orientada pelo professor Doutor Ernesto Filippi. Trata-se de um trabalho provocativo que discute com esmero sobre a criação, em 2003, da Unidade de Conservação da Reserva Biológica da Mata Escura, entre os Municípios de Jequitinhonha e Almenara, e, sobretudo, sobre os impactos que essa criação gerou no interior e no entorno dessa Unidade de Conservação.
 De forma pioneira e sob o mote geral do complexo desenredo entre homem e natureza, expõe questões como a fragilidade das políticas públicas brasileiras no que se refere à preservação dos recursos naturais e, concomitantemente, à falta de respeito às idiossincrasias e ao conhecimento de comunidades tradicionais, indígenas, caiçaras, quilombolas e agricultores, envolvidos direta ou indiretamente na implantação das UC’s. Em seu texto, Denis Cardoso se utiliza de dois paradigmas principais, isto é, recursos naturais e conflitos socioambientais, colocando-os de modos complementares e inter-relacionados. Além disso, destaca a relevância que os Assentamentos Craúno e Brejão; e as Comunidades Mumbuca, Maranhão e Nova Araçatuba tiveram para o desenvolvimento do trabalho, e a importância de se refletir acerca dos impactos que tais assentamentos e comunidades sofreram com a implantação da Reserva Biológica da Mata Escura.
O trabalho desse paulista é de extrema relevância não só para que tomemos conhecimento do “ouro” ambiental que temos em nosso município (mais de 90% da reserva está localizada em Jequitinhonha), mas também que para que exijamos de nossos políticos, principalmente, de nossos futuros candidatos a vereador e a prefeito, projetos específicos que tratem da Reserva Biológica da Mata Escura e de sua preservação sustentável. Já passou da hora de sabermos os irreveláveis segredos dessas Minas Gerais Jequitinhonhenses. E também já passou da hora de os enxergarmos em suas entrelinhas e de defendê-los e compreendê-los. Tomara que todos os jequitinhonhense se interessem em ler este belo trabalho científico, pois ele nos deixa pistas bastante esclarecedores sobre a problemática relação do HOMEM com a NATUREZA e sobre as incertezas variadas que se misturam nesse verdadeiro tabuleiro de xadrez.

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