quarta-feira, 30 de novembro de 2011

UFMG,UNIMONTES E GOVERNO DE MINAS CRIAM A FIGURA DO MÉDICO VIRTUAL NO VALE DO JEQUITINHONHA

                   

Redução de encaminhamentos desnecessários



CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O TELESAÚDE:

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em parceria com a Gerência Regional de Saúde de Pedra Azul, realizaram no dia 29 de novembro, a oficina de implantação do programa Telessaúde nos municípios de Almenara, Felisburgo, Jequitinhonha, Joaíma e Pedra Azul. Com essa adesão, todos os 25 municípios da GRS Pedra Azul passarão a ter a teleconsultoria e telecardiologia, que é um serviço de assistência à distância e que tem como objetivo reduzir os encaminhamentos desnecessários a especialistas e ampliando a resolutividade da Atenção Primária à Saúde.
A teleconsultoria irá permitir que os profissionais de saúde dos municípios possam entrar em contato com outros especialistas, através da utilização da internet, e possam tirar suas dúvidas e discutir diagnósticos, terapias, condutas e exames a ser realizados. Outro recurso disponível é a eletrocardiografia à distância, sendo o eletrocardiograma realizado por meio de um programa informatizado, com tempo de resposta de no máximo 72hs.
Para participar do programa e poder utilizar o serviço, os municípios irão receber um computador com impressora e webcam, uma máquina digital e um aparelho de eletrocardiografia que estão sendo doados pelo Governo de Minas.

PROFISSIONAIS PARTICIPAM DE SIMULADO DE TELECONSULTORIA

O supervisor de projetos do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG, Luciano Ribeiro, afirmou que os municípios que têm aderido ao Telessaúde estão conseguindo diminuir e qualificar o número de encaminhamentos dos pacientes e reduzir o tempo de resposta do diagnóstico, o que segundo ele, faz com que o paciente fique satisfeito pela rapidez do serviço e passe a ter uma relação mais próxima com o profissional. “Fizemos uma pesquisa e verificamos que 81,8% das teleconsultorias evitaram o encaminhamento de pacientes. Isso significa que o paciente passa a ser atendido mais próximo de sua casa e que o gestor municipal vai ter um custo muito menor com esse usuário”, avaliou.
Já os profissionais dos municípios terão a oportunidade de tirar as dúvidas com os especialistas através da teleconsultoria. Segundo a pesquisa apresentada por Ribeiro, 84,5% dos profissionais afirmam que todas as dúvidas foram esclarecidas durante a teleconsultoria e que 97,4% afirmam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a utilização do serviço. “São muitos os benefícios para os municípios que aderiram ao programa, como, a diminuição do isolamento profissional, o serviço oferece um suporte multiprofissional, além de melhorar o acesso a serviços especializados”, relatou.

Investimentos no Telessaúde


O Governo de Minas investiu, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, somente em 2010, mais de R$11 milhões no Tele Minas Saúde (Telessaúde). Atualmente, o governo gasta cerca de R$80,00 para encaminhar um paciente de um município a outro. Com o Telessaúde, a despesa cai para R$6,00.

Experiência exitosa


A partir de agora, todos os municípios da GRS Pedra Azul irão contar com o serviço de teleconsultoria, mas, a região já se destaca na utilização do serviço. Em abril de 2010, o município de Mata Verde, região nordeste de Minas, foi prestigiado durante o 1º Encontro Estadual de Atenção Primária e Telessaúde, realizado em Montes Claros, por ter sido um dos municípios que mais fizeram teleconsultorias. Graças a utilização do serviço, o município conseguiu reduzir em 70% os encaminhamentos para outros municípios, o que, além de economia, representa um conforto para o paciente, que recebe o laudo de seus exames em um período de tempo muito menor, sem necessidade de deslocamento.

Fonte: blog.onhas.com


Com a desculpa esfarrapada de evitar encaminhamentos desnescessários aos especialistas e ampliar a resolutividade da Atenção Primária à Saúde (será mesmo que o Vale possui tantos especialistas assim?), o Governo de Minas, em parceria com a UFMG e a UNIMONTES, acaba de criar, em nossa região, a figura do médico à distância. Não bastasse o Sr. Excelentíssimo ministro da Educação (qual educação?), Fernando Haddad, ter criado, em sua gestão, as figuras onipotentes, onipresentes e oniscientes dos alunos e professores virtuais, agora, temos, no Vale do Jequitinhonha, a figura do médico virtual. Não somos contra, que fique bem claro, o uso da tecnologia a favor de quem precisa e também o seu uso para que lacunas sejam preenchidas. Porém, o que não se pode aceitar é que, novamente, o Vale funcione como laboratório de experiências malconduzidas e destinadas a se tornarem mais um "elefante-branco" da saúde. O que será que os médicos acham disso? E o que será que os pacientes do Vale acharão...

UFVJM mantém nome após realização de plebiscito



Os Vales do Jequitinhonha e Mucuri continuam no nome e sobrenome da Nossa Universidade. UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Um plebiscito realizado no dia 24.11.2011, na UFVJM, nos campi de Diamantina e Teófilo Otonia, teve a participação de 2.448 votantes. Destes 1.999 foram alunos; 233 professores e 216 técnico-administrativos. Um quórum muito baixo. Com cerca de 4 mil alunos e 600 servidores públicos federais, houve uma abstenção de mais de 2 mil votantes.
Este plebiscito foi proposto pelo Reitor Pedro Ângelo no dia 04 de novembro para se realizar em 24.11.A comunidade acadêmica se mostrou madura e sensata, pois não via necessidade nem justificativa para a mudança de nome. A sociedade dos Vales do Jequitinhonha, comunidade externa, se mostrou revoltada com tal proposta. Houve reuniões, manifestação pública e denúncias de desvirtuamento da UFVJM, de negação de sua missão de ser a principal ferramenta para o desenvolvimento sustentável dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Deputados federais, prefeitos e vereadores, representantes políticos da região, foram acionados para evitar que mexessem no nome da instituição que denunciava um projeto de criação de uma nova Universidade para servir a interesses inconfessáveis.
No comunicado dos resultados apurados, o Reitor Pedro Ângelo afirmou que “o desejo da maioria, dos três segmentos da Universidade, ficou demonstrado pela manutenção da sua atual designação: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM”.  O reitor propôs que a Universidade se chamasse Universidade Federal JK. Esta proposta obteve 109 votos ou 4,2 % do total de votos. Ou seja, 21 votos de técnico-administrativos, 36 de professores e 52 alunos.
Eis os resultados por segmento:
Técnico-administrativosTotal de votantes: 216
NÃO à mudança: 137 – 63,34% ( 29 votos do Mucuri)
Favoráveis: 70 – 32,4%
Nulos: 9 Brancos -
ProfessoresTotal de votantes: 233
NÃO à mudança: 127 – 54,5% ( 66 votos do Mucuri).
Favoráveis: 98 – 42,1%
Nulos: 08 Brancos -
Estudantes
Total de votantes: 1999
NÃO à mudança: 1342 – 67,1% ( 744 votos do Mucuri)
Favoráveis: 603 – 30,2%
Nulos: 53 Brancos – 1
É importante acrescentar que mesmo que o peso dos votos fosse de 70% para professores oNÃO sairia vitorioso.
Dos 2.387 votos válidos o NÃO obteve 1.606 votos, ou 67%. A proposta de mudança de nome obteve 781 votos ou 33% do total de votos válidos.
O Reitor propôs que a Universidade se chamasse Universidade Federal JK. Esta proposta obteve 109 votos ou 4,2 % do total de votos válidos. Ou seja, 21 votos de técnico-administrativos, 36 de professores e 52 alunos. A mudança de nome para Universidade Federal de Diamantina obteve 544 votos dos válidos (23% do total), sendo 40 de técnico-administrativos, 47 de professores e 457 de estudantes.

Depoimento:

“Alegria que não está cabendo em mim… Parabéns a todos (as) guerreiros que se mobilizaram, defenderam, votaram… A vitória de um povo contra o preconceito e o despotismo!!!”
Estudante Francianny Bezerra Costa
O Blog do Banu, um dos participantes do movimento da cidadania que sacudiu o Vale nos últimos 100 dias, levando à criação do Movimento A UFVJM é nossa!, agradece a todos e todas que votaram pelo NÃO no plebiscito
Temos a certeza que o projeto que queremos contruir é o mesmo ou muito parecido com o da maioria da comunidade acadêmicade da Nossa Universidade.
Uma Universidade que respeite a comunidade externa e esteja a seu serviço, que tenha excelência na difusão e produção de conhecimentos para servir à Sua Excelência: o povo dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, verdadeiros donos da UFVJM.
Fonte: Blog Do Banu.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mais uma vez, a cidade de Jequitinhonha não é sequer mencionada em reunião que trata de instalação de novos campus da UFVJM no Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha

Expansão de universidade gera polêmica no Estado



O que seria, em princípio, uma boa notícia para a educação em Minas Gerais tem provocado polêmica no Estado. É que o Ministério da Educação irá expandir o campus da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), mas para localidades consideradas distantes de onde está instalada. Com o objetivo de debater o assunto, deputados e a comunidade interessada se reuniram em uma audiência pública promovida pelas comissões de Defesa do Consumidor e do Contribuinte e de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O encontro foi nesta quinta-feira (24/11/11), em Diamantina (Região Central).

A ideia do Governo Federal, anunciada pela presidenta Dilma Rousseff em 16 de agosto, é construir novos campi em Unaí (Noroeste), próximo da divisa com o Distrito Federal, e Janaúba (Norte). Dessa forma, a região dos vales se mobiliza para tentar reverter o atual quadro e levar o investimento para a construção dos novos espaços universitários em cidades da região.

O deputado Délio Malheiros (PV), autor do requerimento para a audiência, disse que o Conselho Universitário da UFVJM já aprovou a instalação dos campi nas cidades indicadas pelo Governo Federal, porém acredita ser necessário questionar a decisão. “Vamos lutar para trazer os campi para os vales. Não faz sentido privilegiar outros locais do Estado em detrimento de onde a universidade foi implantada”, salientou.

Mudança de nome –
Délio contou que um plebiscito será realizado com o objetivo de alterar o nome da instituição de ensino, após a implantação dos novos campi. Professores, alunos e funcionários que integram a universidade irão escolher uma entre as 13 propostas de nova nomenclatura. A mudança para Universidade Juscelino Kubitschek é uma das sugestões. A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), de Almenara, e membro do movimento “A UFVJM é Nossa!”, Zinelma Calheiros, é contra essa alteração. “O nome é a nossa identidade”.

Zinelma disse estar “indignada” com o que está acontecendo. “Desde 2005, reivindicamos um campus em Almenara. Na época da criação da universidade, ficou acertado que teríamos direito a novos campi”, disse. Para ela, a ida da UFVJM para a cidade representaria não apenas um ganho cultural e educacional, mas, também, um incremento econômico para o município.

A opinião é compartilhada pela secretária de Saúde de Itaobim, Maflávia Ferreira. “Não entendemos essa necessidade de tirar as palavras ‘Jequitinhonha’ e ‘Mucuri’ do nome”, destacou. Ela reivindica, também, uma expansão da universidade para o médio e o baixo Jequitinhonha, “regiões não assistidas por ensino superior gratuito”. Ela afirmou que um estudo feito em Itaobim indica que o município é estratégico para receber uma extensão da UFVJM. “É alto o fluxo de veículos e pessoas que passam dentro da cidade. Além disso, toda nossa região conta com cerca de 120 mil jovens entre 15 e 21 anos”, afirmou.

União -
O prefeito de Diamantina, Geraldo da Silva Macedo, disse que, “com a união de todos”, haverá “força o suficiente para se alcançar a vitória” nessa questão. “Se perdemos os novos campi, daqui a pouco, a sede em Diamantina acabará mudando de local também”, criticou. O deputado Luiz Henrique (PSDB) acredita ser necessário que a universidade atenda, primeiramente, a região. “Torço para que os campi se instalem no Jequitinhonha e Mucuri, mas que a instituição possa se expandir para outros locais de Minas também”.

O deputado Célio Moreira (PSDB) disse entender a necessidade do Norte de Minas em ter uma universidade, mas salientou que seja feito um esforço para que a região tenha a sua própria faculdade. “Sobre os novos campi, vamos brigar para que se instalem nas regiões próximas a Diamantina”, ressaltou.

A Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina (Fafeod) foi federalizada em 17 de dezembro de 1960. Em 2002, transformou-se em Faculdades Federais Integradas de Diamantina (Fafeid). Porém, no ano de 2005, foram elevadas à condição de Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Atualmente, a instituição dispõe, no total, de 32 cursos de graduação.

Também compuseram a mesa de debates o presidente da Câmara Municipal de Diamantina, Maurício da Paixão Maia; o diretor da Associação Comercial e Industrial de Diamantina, Leonardo Soeiro Pinheiro; e vereadores de Diamantina.

fonte: site da ALMG



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Será que a cidade de Jequitinhonha perderá o campus da UFVJM?

Diamantina: Audiência Pública vai discutir expansão da UFVJM e campus em cidades do Vale

Diamantina: Audiência Pública vai discutir expansão da UFVJM e campus em cidades do ValeAs Comissões de Defesa do Consumidor e do Contribuinte e de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizam Audiência Pública, em Diamantina (Alto Jequitinhonha), nesta quinta-feira (24/11/11), às 14 horas.

A reunião conjunta tem o objetivo de discutir a instalação de novos campi da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em municípios dos Vales. O requerimento para a realização da audiência pública é de autoria do deputado Délio Malheiros (PV).
De acordo com o parlamentar, a Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina (Fafeod) foi federalizada em 17 de dezembro de 1960, sendo que em 2002 se transformou em Faculdades Federais Integradas de Diamantina (Fafeid). Porém, no ano de 2005, foram elevadas à condição de Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (Ufvjm). Atualmente, a Universidade é constituída de três campi, sendo dois localizados em Diamantina e um em Teófilo Otoni.

A instalação de novos campi, na avaliação de Délio Malheiros, "irá garantir à população local o acesso dentro da sua região, à tão necessária formação profissional, sem a necessidade de se deslocar na busca do aprendizado".

Expansão – O parlamentar acrescentou que o Governo Federal anunciou a intenção de expandir a Instituição para outras localidades além do Vale do Jequitinhonha e do Mucuri, mais precisamente no norte e no noroeste do Estado. Mas afirma que, antes da expansão, devem ser consideradas as necessidades da região, respeitando a missão para a qual a Instituição foi criada.
Convidados – Estão convidados para a audiência pública: o prefeito de Diamantina, Geraldo da Silva Macedo; o vereador e presidente da Câmara Municipal de Diamantina, Maurício da Paixão Maia; o ministro da Educação, Fernando Haddad; o reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Pedro Ângelo Almeida Abreu; o arcebispo Metropolitano da Curia Arquidiocesana de Diamantina, Dom João Bosco Oliver de Faria; o vereador de Diamantina, Cássio Moreira; o presidente da Associação Comercial e Industrial de Diamantina, Carlos Marques Moreira; e o professor Titular do Departamento de Física da UFMG, Marcos Assunção Pimenta.

Fonte: Ascom/ALMG

sábado, 19 de novembro de 2011

Quem disse que um jequitinhonhense nunca saiu na Playboy?

Vereador Gêra Ornelas ganha as páginas da Playboy

Parlamentar mineiro ganhou uma menção na revista masculina em sua edição de novembro, na coluna Happy Hour


Reprodução
Gêra Ornelas
Vereador aparece escolhendo o melhor ângulo para ser gravado de cueca na Câmara
O vereador Gêra Ornelas, que ficou nacionalmente conhecido depois de aparecer em um vídeo despachando de cueca samba-canção dentro do seu gabinete, na Câmara de Belo Horizonte, ganhou uma menção na revista masculina ‘Playboy’, na sua edição de novembro, na coluna Happy Hour, onde é lembrado o que aconteceu de mais excitante no mês, segundo a revista. O vereador, único homem com a imagem estampada na página, divide o espaço com belas mulheres consideradas símbolos sexuais, como a modelo paraguaia Larissa Riquelme, Letícia Carlos (ex-namorada do jogador atleticano Richarlyson), a atriz Camila Pitanga, a cantora americana Rihanna e até mesmo a top Gisele Büdchen. A publicação destaca o dia 17 outubro, quando o vídeo que mostra Gêra de cueca acariciando os cabelos de uma mulher em seu gabinete veio à tona. Confira reprodução da página da revista: Playboi Gêra Ornelas

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Texto do mês de novembro da minha coluna no jornal Informativo

                                                                    O Bibliotecário Invisível

“São dias em que o homem se levanta com um gênio jovial e vigoroso. Com suas pálpebras livres do sono que as selava, o mundo exterior se oferece a ele com um relevo bem marcado, uma nitidez de contornos, uma riqueza de cores admiráveis.” Era esse o verso que o professor Lobato Vargas preparou para ler em seu encontro matinal, na biblioteca municipal Antônio Rassine da Cunha Peixoto, com o seu amigo João Kant, bibliotecário aposentado. Todos os dias eles se encontravam às oito da manhã nessa biblioteca para discutirem sobre política, literatura, futebol e mulheres. Porém, João estava atrasado pela primeira vez. Lobato, então, decidiu deambular pelas estantes da biblioteca para ver se achava seu livro preferido: “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri. O livro fora indicação de Kant.  “No meio do caminho da nossa vida/encontrei-me numa selva escura,/porque me tinha extraviado da via do bem”. Começava a leitura do livro de Dante pela décima quinta vez quando fora interrompido pelo esbaforido Kant: “Perdoe-me amigo, mas, perdi a hora! Fiquei ali na alameda Kuêk parado e bastante triste. Ainda não tinha visto que cortaram o Tamarindeiro!”. Lobato disse ao amigo que a árvore estava prestes a cair e que, por isso, foi sacrificada. “Sacrificada. Creio que este é o termo correto. Aquela árvore era um elemento personificado de Jequitinhonha. Uma amiga que morava na beira do rio. Uma amiga a quem nomeei de Ângela”, ponderou Kant, que puxou uma cadeira e se sentou. Lobato pensou, novamente, que o amigo estava sendo afetado pelos devaneios matinais. Mas, logo se lembrou de Simão Bacamarte e se calou.
Ângela era o nome da mulher de Kant, a qual falecera por conta de um câncer de pulmão. Desde então Kant começou a conversar com o Tamarindeiro, apelidando-o de Ângela. Todos os meses, no aniversário de namoro dos dois, deixava um bilhete e uma flor para sua mulher no buraco do Tamarindeiro, aberto por conta de um incêndio. Sempre conferia se os bilhetes estavam lá no dia seguinte. Nunca conseguiu encontrá-los. “Hoje, é como se perdesse Ângela pela segunda vez... Nunca mais poderei oferecer-lhe flores e palavras... lamentou Kant... Percebendo o tom pessimista e melancólico do amigo, Lobato resolveu mudar de assunto: “Você viu que estão querendo derrubar o ministro do Trabalho, Carlos Lupi? Daqui uns dias o governo Dilma vai ter mais ex-ministros do que ex-BBBs.” Kant esboçou um sorriso e disse, timidamente: “O ministro se derrubou ao se aliar à ONG’s espúrias! Achei a comparação dos ministros aos BBB’s interessante. Coisas do Marcelo Tas!”. Depois, continuou: “Desanimei com a política. É como diria Max Weber: ‘Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive para a política ou se vive da política. Nessa oposição não há nada de exclusivo. Muito ao contrário, em geral se fazem uma e outra coisa ao mesmo tempo, tanto idealmente quanto na prática’. No Brasil, tanto nos ideais quanto na prática o peso dessa oposição é tendencioso para apenas um lado. Tende, absurdamente, para o se viver da política. Além disso, há também as escolhas erradas do executivo para a ocupação de ‘cargos indicados’. E isso acontece não só na esfera federal. Ocorre também nas esferas estaduais e municipais. O que temos são ministros e secretários que são acometidos pela síndrome do poder mínimo e pela síndrome da incompetência adquirida e acabam ‘maracutaiando’ o poder e, consequentemente, as administrações. Lobato tinha conseguido trazer o crítico amigo de volta... Kant ainda discursou acerca da vitória do Cruzeiro sobre o Internacional e sobre o alívio azul que sentiu pela suada vitória do time de seu coração. E também discursou sobre a vontade de conhecer Marte... Lobato se lembrou, de novo, de Simão Bacamarte...tentou fingir que acreditava nas mirabolâncias do amigo. Achava, muitas vezes, que Kant tinha enlouquecido após a morte da esposa. Mas, achava muito mais que o amigo sofria de “literaturice”. Esperava a hora em que ele lhe indicasse algum livro. E para a surpresa de Lobato o livro que Kant lhe indicara naquele dia fora “Paraísos Artificiais”, de Charles Badeulaire. O livro começava com a seguinte frase: “São dias em que o homem se levanta com um gênio jovial e vigoroso. Com suas pálpebras livres do sono que as selava, o mundo exterior se oferece a ele com um relevo bem marcado, uma nitidez de contornos, uma riqueza de cores admiráveis.” Naquela manhã, Lobato havia amanhecido com um gênio jovial e vigoroso. Livre do sono que o rodeava. Talvez seja por tal motivo que nunca mais voltou a ver o amigo Kant. Aliás, talvez, Kant nunca tenha existido. Talvez o Bibliotecário invisível tenha sido somente uma desculpa para Lobato retornar todas as manhãs à biblioteca Antônio Rassine da Cunha Peixoto em busca de um novo livro e de uma nova aventura...