quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Do espelho opaco do carro



Namoradeira na janela personificada
relâmpagos
penumbras
tarde sombria
chuva sem ação.

Namoradeira de olhar parnasiano,
perdido no assoalho vadio da vida.
Remorso.
Danação.

Namoradeira sem namorado
um conto de fadas não contado
 na paisagem do Vale do Jequitinhonha.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cidade de Jequitinhonha ainda não apresentou seu projeto para ter a UFVJM. Capelinha, Almenara e Araçuaí largam na frente

Ministério da Educação garante: UFVJM abrirá campus em cidades do Vale

Ministério da Educação garante: UFVJM abrirá campus em cidades do Vale

Uma grande notícia para todo o Vale do Jequitinhonha: nesta terça-feira, 06.12, o Secretário de Educação Superior - SESU do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, garantiu que a UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri terá sua expansão com abertura de campus na região, a partir de 2013.




O anúncio foi feito a uma comitiva de 16 lideranças (5 prefeitos, 4 vereadores, líderes sindicais/partidários e representantes do Movimento A UFVJM é nossa!) das microrregiões de Capelinha e Almenara. A audiência foi marcada, acompanhada e coordenada pelo deputado federal e presidente do PT, Reginaldo Lopes. Também o deputado federal Leonardo Monteiro esteve presente.


O Secretário da SESU disse que conhecia bem a região, principalmente o Alto Jequitinhonha.
Estavam presentes na Audiência os prefeitos Pedro Vieira, de Capelinha; Carlos Magno Ferreira, de Água Boa; Zélia Cardoso de Souza, de Angelândia, do Alto Jequitinhonha; Fabiany Ferraz, de Almenara e Raniene Jose da Silva, de Santo Antônio do Jacinto, do Baixo Jequitinhonha; três vereadores de Capelinha, Cleuber Luiz, Wilson Coelho e Laerte Barrinha, além do presidente da Câmara de Água Boa.
O Movimento A UFVJM é nossa! estava representada por Álbano Silveira Machado, de Berilo, e Hélio Souza, de Capelinha. Terezino do Sindicato, Fátima Pimenta e Nicinha estiveram presentes como representantes sindicais, de movimentos sociais e partidários de Capelinha, e Aécio do Sindicato, de Almenara. A Comitiva de Capelinha foi liderada por Welito Vitor, Chefe de Gabinete da Prefeitura.
Da esquerda para a direita: Vereador Cleuber Luiz, Terezino do Sindicato, Pedro Vieira (prefeito Capelinha), Deputado Reginaldo Lopes, Secretário da SESU, LUiz Cláudio Costa, Zélia Cardoso (Prefeita Angelandia) e Fátima Pimenta (Capelinha).Após a fala de todos os presentes, o professor Luiz Cláudio Coutinho registrou a prioridade que o governo Lula deu à educação superior, realizando a sua interiorização com a criação de Universidades Federais. E arrematou: de 10 Universidades criadas, 9 tiveram a nota 4 no ENADE, em uma escala de 0 a 5, mostrando que os habitantes destas regiões esquecidas pelo Estado davam resposta positiva com o aproveitamento dos seus estudantes. Afirmou que a Presidenta Dilma dava continuidade à política educacional do Presidente Lula e que anunciaria nova criação de campus, em 2012.
Informou que não poderia precisar quantos campi seriam criados e em quais cidades. Somente no segundo trimestre de 2012 poderia divulgar os resultados de um estudo técnico que seria feito pelo MEC.
Critérios para instalação de campus

Adiantou alguns critérios, entre outros, que seriam necessários para a instalação de campus:
1 - Estar a uma distância de 200 km de outros campi já instalados;
2 - Ter uma densidade demográfica e educacional de ensino médio que justifique tal projeto;
3 - Possuir infra-estrutura urbana e operacional de serviços públicos e privados;
4 – Possuir uma facilidade de acesso às cidades vizinhas. Este acesso, segundo o REUNI, deveria contemplar um universo mínimo de 200 mil habitantes. A região com maior densidade populacional seria priorizada;
5 – Oferecer a contra-partida local com doação de terreno para construção da infra-estrutura do campus.
Luiz Cláudio disse que muitas cidades gostariam de ter um campus, porém os critérios técnicos acima deveriam ser seguidos e sua estrutura mínima inicial teria 5 cursos.
As cidades de Capelinha, Araçuaí e Almenara, no Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha, respectivamente, já apresentaram seus projetos, mostrando viabilidade técnica e geopolítica em suas candidaturas. Estas cidades se candidatam a ser sedes dos 3 campi, conforme aprovação do CONSU – Conselho Universitário da UFVJM.
Os projetos atendem a todos os critérios exigidos pelo MEC e Reitoria da UFVJM.
Da esquerda para a direita: Welito Vitor (Capelinha), vereador de Água Boa, Hélio Souza (Capelinha), Álbano Machado (Berilo), Fabiany Ferraz (Prefeita Almenara), Raniene da Silva (prefeito Santo Antônio Jacinto), deputado federal Leonardo Monteiro (PT-MG). De costas: Deputado federal Reginald Lopes e Secretário da SESU, Luiz Cláudio Costa.
Outras cidades do Vale do Jequitinhonha se movimentam para também apresentarem seu desejo de ter um campus. Itaobim, no Médio Jequitinhonha, também apresentou projeto técnico procurando se viabilizar como sede de campus.
Recentemente, nos últimos 15 dias, duas cidades do Alto Jequitinhonha, Minas Novas e Itamarandiba, também se apresentam como candidatas, fazendo manifestação pública nesta sexta-feira, 09.12, em prol de um campus da UFVJM.
Fonte: blog do Banu
Comitiva do Alto Jequitinhonha entrega projeto técnico de campus da UFVJM em Capelinha ao Secretário da SESU/MEC Luiz Cláudio Couto.
 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carta do Joãozinho jequitinhonhense para Papai Noel (Texto do mês de dezembro da minha coluna no jornal Informativo, de Jequitinhonha)

Olá Nolas, como vc tá, meu chegado? Sei que não tenho me comportado bem nos últimos anos, sobretudo, com a minha professora de português. Mas, responda-me, se as aulas são de português, por que são dadas por professores brasileiros, e não por lusos? Isso me deixa confuso. Por isso, gosto de fazer piadas para ver se o professor brasileiro desiste e se contratam o tal professor de Portugal para nos dar aulas de português. O pior é que brasileiro não desiste nunca... que saco! Não sei por que a minha professora insiste em dar aula para a gente. Ela vive reclamando de seu salário miserável. Depois que os deputados mineiros aprovaram um tal de subsídio então... só vive xingando (xingar é com x?) e chorando... tenho pena dela... Mudando de assunto, fiquei sabendo que o Senhor se recupera de uma cirurgia de ponte de safena e que tem sofrido com problemas de diabetes e de pressão alta. É verdade? Se for, força, véi! Tamo junto e misturado! E vê se faz um regimezinho! Tenho visto umas fotos suas e sua pança está quase maior que o Globo Terrestre! Se “querer”, vc pode caminhar com o meu pai no asfalto! Se cuida mano, as crianças precisam de vc e ainda mais dos seus presentes! Outra coisa que queria lhe perguntar, antes de começar os meus pedidos. Para onde devo mandar as minhas missivas? (gostou desta Nolas? Aprendi com a professora de português que missiva é carta!) Para o Polo Norte? Ou para as montanhas de Korvatunturi, na Lapônia, Finlândia? Nunca sei seu verdadeiro endereço. Vai ver que é por isso que nunca respondeu às minhas cartinhas. Aliás, ano passado fiz uma meia gigante para vc deixar a minha bicicleta. E não adiantou nada. Acho que a grana devia estar curta, pois achei lá dentro somente um pedaço de carvão. Não entendi... Neste ano, aumentei o tamanho da meia. Quero uma Bis! Aumentei tb o tamanho da chaminé aqui de casa. Vc pode não ter conseguido entrar por ela.
Vamos a minha lista. O primeiro pedido é para a minha professora...mesmo com um salário indigno, com as péssimas condições de trabalho, com a indiferença de todos em relação a sua profissão (Nolas, profissão é com ss ou com ç?) e com a minha bagunça (é com ç mesmo, né?), ela sempre nos tratou com carinho, respeito, amor e dedicação. E olha que eu tenho dado trabalho a ela... Peço ao Senhor, então, que melhore as condições da Educação no Brasil. Mesmo porque, sei que se a professora ficar mais feliz, pode ser que eu ganhe um dez, pela primeira vez. E imagina se ela descobre que eu pedi isso para o Senhor...aí sim, deixarei de ser motivo de piada em todo o país... O segundo pedido é para a minha namorada, Mariazinha. Queria pedir que o Senhor a protegesse. Que fosse o Anjo da guarda dela. Ela é huber-especial. Porém, como está velhinho e não conseguirá protegê-la o tempo todo, quero que crie o melhor Anjo da Guarda que fora inventado. E que ele seja Eunuco, viu? Quero, de muiteza, de querência, e de amorizade me casar com a Mariazinha e ter o Joãozinho Júnior com ela. Afinal, as piadas sobre Joãozinho têm que continuar divertindo a galera. Prometo que se cuidar dela, e nunca deixá-la triste, passo a me comportar melhor. Sem cruzar os dedos! Ah, e nada de elfos mágicos ou renas voadoras quando for deixar os presentes da Mariazinha. Ela tem medo deles. O terceiro pedido é para a minha irmã. Fácil, fácil! É só o Senhor trazer um saco cheio de blush, lápis de olho, sombra, batom, cinto, sapato, calça...enfim...talvez novas medidas no manequim tb...ela vive reclamando que está gorda! Vc sabe! Coisas femininas! Peraí! Se não for pedir demais... minha irmã tb quer que, na novela das seis, uma tal de “A Vida da Gente”, a Ana fique com o Rodrigo. Tô doido para essa novela acabar! Assim, junte esse casal logo, porque aí terei a paz de ver meu Chaves sossegado (sossegado é com um s ou com ss?), novamente. O quarto pedido que faço é para a minha Mãe. Ela tem sofrido muito com doença de Chagas. Por isso, quero que vc dê a ela um novo coração. A situação dela piorou quando morávamos no Morro do Alemão, no Rio. O ex-presidente, um tal de Fernandinho Beira-Mar... Ah, não! É outro Fernando. É o Henrique Cardoso. Ele disse, em agosto de 1.998, que "Não vamos prometer o que não dá para fazer. Não é para transformar todo mundo em rico. Nem sei se vale a pena, porque a vida de rico, em geral, é muito chata". Meu pai estava desempregado na época. E ficou muito magoado com essa frase. Meu pai dizia que chato é ver o filho sem nada para comer. Chato não, insuportável. E dizia tb que não queria ser rico, só queria ter oportunidade. Minha mãe, vendo a tristeza do meu pai, ficou triste tb. Porém, a tristeza do meu pai, quando Lula assumiu, passou. A da minha mãe não passou mais não. Por isso, quero um novo coração para ela, para que não fique sentindo tantas dores.
 Falando no meu pai, não preciso pedir mais nada para ele. O presente dele o Senhor já deu. O Cruzeiro, time pelo qual ele torce, não caiu para a segunda divisão. E ainda por cima ganhou do Galo por seis a um. Melhor presente que este, não há! Assim, o quinto pedido é para o meu irmão. Todos os anos ele passa o carnaval longe de nós. A desculpa dele é sempre a mesma. Que o carnaval daqui de Jequitinhonha apresenta a mesma coisa. Segundo ele, o carnaval daqui não conseguiu se reinventar desde que o rio Jequitinhonha perdeu suas praias. Logo, peço ao Senhor que reinvente o carnaval daqui. E que me desculpe pela repetição do “daqui”. Gosto muito do meu irmão. E quero que ele fique conosco. E veja a Mulinha desfilar. E aproveite o Jequitinhonhense Ausente. E a Banda Mole. E o Kambaliandos. E etc... Mas, o problema é que todo ano contratam bandas de Baile para o carnaval. E nem eu consigo me animar assim. Outra coisa é que não tem nada na cidade durante o dia. Por que não incentivar alguns blocos a saírem durante o dia? Por que não fazer um palco em frente ao Hotel Bela Vista que funcione, no período diurno, com atrações locais? Por que não trazer de voltas as barracas beira-rio que tanto animavam o carnaval? Por que não? Por que não? Por isso, dê seu jeito Nolas. Porque se for para gastar dinheiro e para farrear, quero que meu irmão gaste e farreie aqui, perto de nós! E pode começar a pensar no carnaval, porque as outras cidades já o estão fazendo! E tenho dito, hum! Por fim Nolas, chegou a vez do meu pedido. Ele é mais que especial. Quero muito a minha Bis, como já disse. Mas, quero mesmo e mais é que o campus da UFVJM venha para Jequitinhonha. Ano que vem inicio o segundo grau. E depois que terminá-lo? Terei que deixar a minha família? Terei que deixar esta cidade que amo tanto? Não, Nolas! Não quero! Por isso, o pedido mais importante e primordial deste Natal é o campus da UFVJM aqui. Para que tantos Joãozinhos, como eu, tenham uma grande oportunidade. Uma grande e nova oportunidade. E para que Jequitinhonha tb tenha a oportunidade de ser ainda melhor. E de começar o ano que vem sendo melhor pela Educação. Por isso, peço a vc Nolas que una, cada vez mais, o Executivo, o Legislativo, a sociedade Jequitinhonhense, a Secretaria de Educação e todos quantos possam se interessar a favor deste bem comum. Espero, ansiosamente, que os meus pedidos, neste ano, se realizem. Abraços! Joãozinho Jequitinhonhense! Ps: deixei uma coxa de peru e um copo de coca-cola para você ao lado da chaminé!

Jequitinhonha: outros olhares



Ontem, dia 5 de dezembro, fora inaugurada a Exposição de Natal da Casa de Cultura de Jequitinhonha. Vale muito a pena conferir!

sábado, 3 de dezembro de 2011

O Tamarindeiro




Ele sempre abriu os braços. Ninguém o abraçou. Ele sempre deu bom dia. Ninguém nunca o cumprimentou. Ele sempre sorriu. Ninguém nunca o imitou. Ele sempre ofereceu abrigo. Ninguém nunca o abrigou. Agora, o Tamarindeiro não beira mais o rio. Fora cortado. E aqueles que nunca o abraçaram, que nunca o cumprimentaram, que nunca o imitaram, que nunca o abrigaram, que nunca o viram, que nunca o perceberam, querem repará-lo. Tarde demais!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

UFMG,UNIMONTES E GOVERNO DE MINAS CRIAM A FIGURA DO MÉDICO VIRTUAL NO VALE DO JEQUITINHONHA

                   

Redução de encaminhamentos desnecessários



CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O TELESAÚDE:

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em parceria com a Gerência Regional de Saúde de Pedra Azul, realizaram no dia 29 de novembro, a oficina de implantação do programa Telessaúde nos municípios de Almenara, Felisburgo, Jequitinhonha, Joaíma e Pedra Azul. Com essa adesão, todos os 25 municípios da GRS Pedra Azul passarão a ter a teleconsultoria e telecardiologia, que é um serviço de assistência à distância e que tem como objetivo reduzir os encaminhamentos desnecessários a especialistas e ampliando a resolutividade da Atenção Primária à Saúde.
A teleconsultoria irá permitir que os profissionais de saúde dos municípios possam entrar em contato com outros especialistas, através da utilização da internet, e possam tirar suas dúvidas e discutir diagnósticos, terapias, condutas e exames a ser realizados. Outro recurso disponível é a eletrocardiografia à distância, sendo o eletrocardiograma realizado por meio de um programa informatizado, com tempo de resposta de no máximo 72hs.
Para participar do programa e poder utilizar o serviço, os municípios irão receber um computador com impressora e webcam, uma máquina digital e um aparelho de eletrocardiografia que estão sendo doados pelo Governo de Minas.

PROFISSIONAIS PARTICIPAM DE SIMULADO DE TELECONSULTORIA

O supervisor de projetos do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG, Luciano Ribeiro, afirmou que os municípios que têm aderido ao Telessaúde estão conseguindo diminuir e qualificar o número de encaminhamentos dos pacientes e reduzir o tempo de resposta do diagnóstico, o que segundo ele, faz com que o paciente fique satisfeito pela rapidez do serviço e passe a ter uma relação mais próxima com o profissional. “Fizemos uma pesquisa e verificamos que 81,8% das teleconsultorias evitaram o encaminhamento de pacientes. Isso significa que o paciente passa a ser atendido mais próximo de sua casa e que o gestor municipal vai ter um custo muito menor com esse usuário”, avaliou.
Já os profissionais dos municípios terão a oportunidade de tirar as dúvidas com os especialistas através da teleconsultoria. Segundo a pesquisa apresentada por Ribeiro, 84,5% dos profissionais afirmam que todas as dúvidas foram esclarecidas durante a teleconsultoria e que 97,4% afirmam estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a utilização do serviço. “São muitos os benefícios para os municípios que aderiram ao programa, como, a diminuição do isolamento profissional, o serviço oferece um suporte multiprofissional, além de melhorar o acesso a serviços especializados”, relatou.

Investimentos no Telessaúde


O Governo de Minas investiu, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, somente em 2010, mais de R$11 milhões no Tele Minas Saúde (Telessaúde). Atualmente, o governo gasta cerca de R$80,00 para encaminhar um paciente de um município a outro. Com o Telessaúde, a despesa cai para R$6,00.

Experiência exitosa


A partir de agora, todos os municípios da GRS Pedra Azul irão contar com o serviço de teleconsultoria, mas, a região já se destaca na utilização do serviço. Em abril de 2010, o município de Mata Verde, região nordeste de Minas, foi prestigiado durante o 1º Encontro Estadual de Atenção Primária e Telessaúde, realizado em Montes Claros, por ter sido um dos municípios que mais fizeram teleconsultorias. Graças a utilização do serviço, o município conseguiu reduzir em 70% os encaminhamentos para outros municípios, o que, além de economia, representa um conforto para o paciente, que recebe o laudo de seus exames em um período de tempo muito menor, sem necessidade de deslocamento.

Fonte: blog.onhas.com


Com a desculpa esfarrapada de evitar encaminhamentos desnescessários aos especialistas e ampliar a resolutividade da Atenção Primária à Saúde (será mesmo que o Vale possui tantos especialistas assim?), o Governo de Minas, em parceria com a UFMG e a UNIMONTES, acaba de criar, em nossa região, a figura do médico à distância. Não bastasse o Sr. Excelentíssimo ministro da Educação (qual educação?), Fernando Haddad, ter criado, em sua gestão, as figuras onipotentes, onipresentes e oniscientes dos alunos e professores virtuais, agora, temos, no Vale do Jequitinhonha, a figura do médico virtual. Não somos contra, que fique bem claro, o uso da tecnologia a favor de quem precisa e também o seu uso para que lacunas sejam preenchidas. Porém, o que não se pode aceitar é que, novamente, o Vale funcione como laboratório de experiências malconduzidas e destinadas a se tornarem mais um "elefante-branco" da saúde. O que será que os médicos acham disso? E o que será que os pacientes do Vale acharão...

UFVJM mantém nome após realização de plebiscito



Os Vales do Jequitinhonha e Mucuri continuam no nome e sobrenome da Nossa Universidade. UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Um plebiscito realizado no dia 24.11.2011, na UFVJM, nos campi de Diamantina e Teófilo Otonia, teve a participação de 2.448 votantes. Destes 1.999 foram alunos; 233 professores e 216 técnico-administrativos. Um quórum muito baixo. Com cerca de 4 mil alunos e 600 servidores públicos federais, houve uma abstenção de mais de 2 mil votantes.
Este plebiscito foi proposto pelo Reitor Pedro Ângelo no dia 04 de novembro para se realizar em 24.11.A comunidade acadêmica se mostrou madura e sensata, pois não via necessidade nem justificativa para a mudança de nome. A sociedade dos Vales do Jequitinhonha, comunidade externa, se mostrou revoltada com tal proposta. Houve reuniões, manifestação pública e denúncias de desvirtuamento da UFVJM, de negação de sua missão de ser a principal ferramenta para o desenvolvimento sustentável dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Deputados federais, prefeitos e vereadores, representantes políticos da região, foram acionados para evitar que mexessem no nome da instituição que denunciava um projeto de criação de uma nova Universidade para servir a interesses inconfessáveis.
No comunicado dos resultados apurados, o Reitor Pedro Ângelo afirmou que “o desejo da maioria, dos três segmentos da Universidade, ficou demonstrado pela manutenção da sua atual designação: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM”.  O reitor propôs que a Universidade se chamasse Universidade Federal JK. Esta proposta obteve 109 votos ou 4,2 % do total de votos. Ou seja, 21 votos de técnico-administrativos, 36 de professores e 52 alunos.
Eis os resultados por segmento:
Técnico-administrativosTotal de votantes: 216
NÃO à mudança: 137 – 63,34% ( 29 votos do Mucuri)
Favoráveis: 70 – 32,4%
Nulos: 9 Brancos -
ProfessoresTotal de votantes: 233
NÃO à mudança: 127 – 54,5% ( 66 votos do Mucuri).
Favoráveis: 98 – 42,1%
Nulos: 08 Brancos -
Estudantes
Total de votantes: 1999
NÃO à mudança: 1342 – 67,1% ( 744 votos do Mucuri)
Favoráveis: 603 – 30,2%
Nulos: 53 Brancos – 1
É importante acrescentar que mesmo que o peso dos votos fosse de 70% para professores oNÃO sairia vitorioso.
Dos 2.387 votos válidos o NÃO obteve 1.606 votos, ou 67%. A proposta de mudança de nome obteve 781 votos ou 33% do total de votos válidos.
O Reitor propôs que a Universidade se chamasse Universidade Federal JK. Esta proposta obteve 109 votos ou 4,2 % do total de votos válidos. Ou seja, 21 votos de técnico-administrativos, 36 de professores e 52 alunos. A mudança de nome para Universidade Federal de Diamantina obteve 544 votos dos válidos (23% do total), sendo 40 de técnico-administrativos, 47 de professores e 457 de estudantes.

Depoimento:

“Alegria que não está cabendo em mim… Parabéns a todos (as) guerreiros que se mobilizaram, defenderam, votaram… A vitória de um povo contra o preconceito e o despotismo!!!”
Estudante Francianny Bezerra Costa
O Blog do Banu, um dos participantes do movimento da cidadania que sacudiu o Vale nos últimos 100 dias, levando à criação do Movimento A UFVJM é nossa!, agradece a todos e todas que votaram pelo NÃO no plebiscito
Temos a certeza que o projeto que queremos contruir é o mesmo ou muito parecido com o da maioria da comunidade acadêmicade da Nossa Universidade.
Uma Universidade que respeite a comunidade externa e esteja a seu serviço, que tenha excelência na difusão e produção de conhecimentos para servir à Sua Excelência: o povo dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, verdadeiros donos da UFVJM.
Fonte: Blog Do Banu.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mais uma vez, a cidade de Jequitinhonha não é sequer mencionada em reunião que trata de instalação de novos campus da UFVJM no Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha

Expansão de universidade gera polêmica no Estado



O que seria, em princípio, uma boa notícia para a educação em Minas Gerais tem provocado polêmica no Estado. É que o Ministério da Educação irá expandir o campus da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), mas para localidades consideradas distantes de onde está instalada. Com o objetivo de debater o assunto, deputados e a comunidade interessada se reuniram em uma audiência pública promovida pelas comissões de Defesa do Consumidor e do Contribuinte e de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O encontro foi nesta quinta-feira (24/11/11), em Diamantina (Região Central).

A ideia do Governo Federal, anunciada pela presidenta Dilma Rousseff em 16 de agosto, é construir novos campi em Unaí (Noroeste), próximo da divisa com o Distrito Federal, e Janaúba (Norte). Dessa forma, a região dos vales se mobiliza para tentar reverter o atual quadro e levar o investimento para a construção dos novos espaços universitários em cidades da região.

O deputado Délio Malheiros (PV), autor do requerimento para a audiência, disse que o Conselho Universitário da UFVJM já aprovou a instalação dos campi nas cidades indicadas pelo Governo Federal, porém acredita ser necessário questionar a decisão. “Vamos lutar para trazer os campi para os vales. Não faz sentido privilegiar outros locais do Estado em detrimento de onde a universidade foi implantada”, salientou.

Mudança de nome –
Délio contou que um plebiscito será realizado com o objetivo de alterar o nome da instituição de ensino, após a implantação dos novos campi. Professores, alunos e funcionários que integram a universidade irão escolher uma entre as 13 propostas de nova nomenclatura. A mudança para Universidade Juscelino Kubitschek é uma das sugestões. A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), de Almenara, e membro do movimento “A UFVJM é Nossa!”, Zinelma Calheiros, é contra essa alteração. “O nome é a nossa identidade”.

Zinelma disse estar “indignada” com o que está acontecendo. “Desde 2005, reivindicamos um campus em Almenara. Na época da criação da universidade, ficou acertado que teríamos direito a novos campi”, disse. Para ela, a ida da UFVJM para a cidade representaria não apenas um ganho cultural e educacional, mas, também, um incremento econômico para o município.

A opinião é compartilhada pela secretária de Saúde de Itaobim, Maflávia Ferreira. “Não entendemos essa necessidade de tirar as palavras ‘Jequitinhonha’ e ‘Mucuri’ do nome”, destacou. Ela reivindica, também, uma expansão da universidade para o médio e o baixo Jequitinhonha, “regiões não assistidas por ensino superior gratuito”. Ela afirmou que um estudo feito em Itaobim indica que o município é estratégico para receber uma extensão da UFVJM. “É alto o fluxo de veículos e pessoas que passam dentro da cidade. Além disso, toda nossa região conta com cerca de 120 mil jovens entre 15 e 21 anos”, afirmou.

União -
O prefeito de Diamantina, Geraldo da Silva Macedo, disse que, “com a união de todos”, haverá “força o suficiente para se alcançar a vitória” nessa questão. “Se perdemos os novos campi, daqui a pouco, a sede em Diamantina acabará mudando de local também”, criticou. O deputado Luiz Henrique (PSDB) acredita ser necessário que a universidade atenda, primeiramente, a região. “Torço para que os campi se instalem no Jequitinhonha e Mucuri, mas que a instituição possa se expandir para outros locais de Minas também”.

O deputado Célio Moreira (PSDB) disse entender a necessidade do Norte de Minas em ter uma universidade, mas salientou que seja feito um esforço para que a região tenha a sua própria faculdade. “Sobre os novos campi, vamos brigar para que se instalem nas regiões próximas a Diamantina”, ressaltou.

A Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina (Fafeod) foi federalizada em 17 de dezembro de 1960. Em 2002, transformou-se em Faculdades Federais Integradas de Diamantina (Fafeid). Porém, no ano de 2005, foram elevadas à condição de Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Atualmente, a instituição dispõe, no total, de 32 cursos de graduação.

Também compuseram a mesa de debates o presidente da Câmara Municipal de Diamantina, Maurício da Paixão Maia; o diretor da Associação Comercial e Industrial de Diamantina, Leonardo Soeiro Pinheiro; e vereadores de Diamantina.

fonte: site da ALMG



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Será que a cidade de Jequitinhonha perderá o campus da UFVJM?

Diamantina: Audiência Pública vai discutir expansão da UFVJM e campus em cidades do Vale

Diamantina: Audiência Pública vai discutir expansão da UFVJM e campus em cidades do ValeAs Comissões de Defesa do Consumidor e do Contribuinte e de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizam Audiência Pública, em Diamantina (Alto Jequitinhonha), nesta quinta-feira (24/11/11), às 14 horas.

A reunião conjunta tem o objetivo de discutir a instalação de novos campi da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em municípios dos Vales. O requerimento para a realização da audiência pública é de autoria do deputado Délio Malheiros (PV).
De acordo com o parlamentar, a Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina (Fafeod) foi federalizada em 17 de dezembro de 1960, sendo que em 2002 se transformou em Faculdades Federais Integradas de Diamantina (Fafeid). Porém, no ano de 2005, foram elevadas à condição de Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (Ufvjm). Atualmente, a Universidade é constituída de três campi, sendo dois localizados em Diamantina e um em Teófilo Otoni.

A instalação de novos campi, na avaliação de Délio Malheiros, "irá garantir à população local o acesso dentro da sua região, à tão necessária formação profissional, sem a necessidade de se deslocar na busca do aprendizado".

Expansão – O parlamentar acrescentou que o Governo Federal anunciou a intenção de expandir a Instituição para outras localidades além do Vale do Jequitinhonha e do Mucuri, mais precisamente no norte e no noroeste do Estado. Mas afirma que, antes da expansão, devem ser consideradas as necessidades da região, respeitando a missão para a qual a Instituição foi criada.
Convidados – Estão convidados para a audiência pública: o prefeito de Diamantina, Geraldo da Silva Macedo; o vereador e presidente da Câmara Municipal de Diamantina, Maurício da Paixão Maia; o ministro da Educação, Fernando Haddad; o reitor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Pedro Ângelo Almeida Abreu; o arcebispo Metropolitano da Curia Arquidiocesana de Diamantina, Dom João Bosco Oliver de Faria; o vereador de Diamantina, Cássio Moreira; o presidente da Associação Comercial e Industrial de Diamantina, Carlos Marques Moreira; e o professor Titular do Departamento de Física da UFMG, Marcos Assunção Pimenta.

Fonte: Ascom/ALMG

sábado, 19 de novembro de 2011

Quem disse que um jequitinhonhense nunca saiu na Playboy?

Vereador Gêra Ornelas ganha as páginas da Playboy

Parlamentar mineiro ganhou uma menção na revista masculina em sua edição de novembro, na coluna Happy Hour


Reprodução
Gêra Ornelas
Vereador aparece escolhendo o melhor ângulo para ser gravado de cueca na Câmara
O vereador Gêra Ornelas, que ficou nacionalmente conhecido depois de aparecer em um vídeo despachando de cueca samba-canção dentro do seu gabinete, na Câmara de Belo Horizonte, ganhou uma menção na revista masculina ‘Playboy’, na sua edição de novembro, na coluna Happy Hour, onde é lembrado o que aconteceu de mais excitante no mês, segundo a revista. O vereador, único homem com a imagem estampada na página, divide o espaço com belas mulheres consideradas símbolos sexuais, como a modelo paraguaia Larissa Riquelme, Letícia Carlos (ex-namorada do jogador atleticano Richarlyson), a atriz Camila Pitanga, a cantora americana Rihanna e até mesmo a top Gisele Büdchen. A publicação destaca o dia 17 outubro, quando o vídeo que mostra Gêra de cueca acariciando os cabelos de uma mulher em seu gabinete veio à tona. Confira reprodução da página da revista: Playboi Gêra Ornelas

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Texto do mês de novembro da minha coluna no jornal Informativo

                                                                    O Bibliotecário Invisível

“São dias em que o homem se levanta com um gênio jovial e vigoroso. Com suas pálpebras livres do sono que as selava, o mundo exterior se oferece a ele com um relevo bem marcado, uma nitidez de contornos, uma riqueza de cores admiráveis.” Era esse o verso que o professor Lobato Vargas preparou para ler em seu encontro matinal, na biblioteca municipal Antônio Rassine da Cunha Peixoto, com o seu amigo João Kant, bibliotecário aposentado. Todos os dias eles se encontravam às oito da manhã nessa biblioteca para discutirem sobre política, literatura, futebol e mulheres. Porém, João estava atrasado pela primeira vez. Lobato, então, decidiu deambular pelas estantes da biblioteca para ver se achava seu livro preferido: “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri. O livro fora indicação de Kant.  “No meio do caminho da nossa vida/encontrei-me numa selva escura,/porque me tinha extraviado da via do bem”. Começava a leitura do livro de Dante pela décima quinta vez quando fora interrompido pelo esbaforido Kant: “Perdoe-me amigo, mas, perdi a hora! Fiquei ali na alameda Kuêk parado e bastante triste. Ainda não tinha visto que cortaram o Tamarindeiro!”. Lobato disse ao amigo que a árvore estava prestes a cair e que, por isso, foi sacrificada. “Sacrificada. Creio que este é o termo correto. Aquela árvore era um elemento personificado de Jequitinhonha. Uma amiga que morava na beira do rio. Uma amiga a quem nomeei de Ângela”, ponderou Kant, que puxou uma cadeira e se sentou. Lobato pensou, novamente, que o amigo estava sendo afetado pelos devaneios matinais. Mas, logo se lembrou de Simão Bacamarte e se calou.
Ângela era o nome da mulher de Kant, a qual falecera por conta de um câncer de pulmão. Desde então Kant começou a conversar com o Tamarindeiro, apelidando-o de Ângela. Todos os meses, no aniversário de namoro dos dois, deixava um bilhete e uma flor para sua mulher no buraco do Tamarindeiro, aberto por conta de um incêndio. Sempre conferia se os bilhetes estavam lá no dia seguinte. Nunca conseguiu encontrá-los. “Hoje, é como se perdesse Ângela pela segunda vez... Nunca mais poderei oferecer-lhe flores e palavras... lamentou Kant... Percebendo o tom pessimista e melancólico do amigo, Lobato resolveu mudar de assunto: “Você viu que estão querendo derrubar o ministro do Trabalho, Carlos Lupi? Daqui uns dias o governo Dilma vai ter mais ex-ministros do que ex-BBBs.” Kant esboçou um sorriso e disse, timidamente: “O ministro se derrubou ao se aliar à ONG’s espúrias! Achei a comparação dos ministros aos BBB’s interessante. Coisas do Marcelo Tas!”. Depois, continuou: “Desanimei com a política. É como diria Max Weber: ‘Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive para a política ou se vive da política. Nessa oposição não há nada de exclusivo. Muito ao contrário, em geral se fazem uma e outra coisa ao mesmo tempo, tanto idealmente quanto na prática’. No Brasil, tanto nos ideais quanto na prática o peso dessa oposição é tendencioso para apenas um lado. Tende, absurdamente, para o se viver da política. Além disso, há também as escolhas erradas do executivo para a ocupação de ‘cargos indicados’. E isso acontece não só na esfera federal. Ocorre também nas esferas estaduais e municipais. O que temos são ministros e secretários que são acometidos pela síndrome do poder mínimo e pela síndrome da incompetência adquirida e acabam ‘maracutaiando’ o poder e, consequentemente, as administrações. Lobato tinha conseguido trazer o crítico amigo de volta... Kant ainda discursou acerca da vitória do Cruzeiro sobre o Internacional e sobre o alívio azul que sentiu pela suada vitória do time de seu coração. E também discursou sobre a vontade de conhecer Marte... Lobato se lembrou, de novo, de Simão Bacamarte...tentou fingir que acreditava nas mirabolâncias do amigo. Achava, muitas vezes, que Kant tinha enlouquecido após a morte da esposa. Mas, achava muito mais que o amigo sofria de “literaturice”. Esperava a hora em que ele lhe indicasse algum livro. E para a surpresa de Lobato o livro que Kant lhe indicara naquele dia fora “Paraísos Artificiais”, de Charles Badeulaire. O livro começava com a seguinte frase: “São dias em que o homem se levanta com um gênio jovial e vigoroso. Com suas pálpebras livres do sono que as selava, o mundo exterior se oferece a ele com um relevo bem marcado, uma nitidez de contornos, uma riqueza de cores admiráveis.” Naquela manhã, Lobato havia amanhecido com um gênio jovial e vigoroso. Livre do sono que o rodeava. Talvez seja por tal motivo que nunca mais voltou a ver o amigo Kant. Aliás, talvez, Kant nunca tenha existido. Talvez o Bibliotecário invisível tenha sido somente uma desculpa para Lobato retornar todas as manhãs à biblioteca Antônio Rassine da Cunha Peixoto em busca de um novo livro e de uma nova aventura...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Evangelho segundo a China (Poemameu)





Nunca abra os olhos
Nunca enfrente um tanque
Nunca tire férias
Nunca, nunca mesmo, acesse o facebook,
pois a desobediência pode ser castigada
e  virar pó de Muralha.

Nunca esqueça que o Mandarim manda em mim e em você
( e nas vontades do mundo) e nós, vermelhos de vergonha,
Envergonhamo-nos, redundatemente circumvermelhados pelo silêncio, por
assistimos, calados, aos infanticídos vermelhos de sangue,
Cor-de-Comunismo.

Nunca, nunquinha...

Nunca pronuncie a palavra Revolução
E Nunca esqueça que Mao é o caminho
E...
Não procrie,
Copie.

domingo, 23 de outubro de 2011

Argentino vence partida, mas, Comissão Organizadora dá título do campeonato jequitinhonhense de futebol ao Náutico.


Em partida realizada no sábado, 22 de outubro, às 19 h, pela final do campeonato jequitinhonhense de futebol, a equipe do Argentino derrotou o Náutico por 2 X 1, no tempo normal, porém, como o Náutico havia vencido a partida anterior por 1 X 0, o título foi decidido nos pênaltis. Na cobrança das penalidades, o time do Argentino, novamente, venceu o Náutico por 4X 3, placar que daria o título ao Argentino. Daria, porque para a surpresa de todos os presentes no estádio Mineirinho, após realização da partida e, inclusive, após o Argentino comemorar o título com sua torcida, a Comissão Organizadora do Campeonato anunciou, no momento da entrega dos troféus, que o campeão, na verdade, era o time do Náutico. Segundo a Comissão, a equipe do Argentino havia escalado, irregularmente, o atacante Pedro, que estava suspenso por três partidas e, portanto, não poderia ter disputado o jogo final. Ao saber disso, os dirigentes do Argentino retiraram os seus atletas de campo e o estádio, antes invadido pela alegria dos torcedores e por um grande público, foi tomado pelas sensações de constrangimento, revolta e mal-estar. Certamente, a incompetência da Comissão Organizadora estragou um campeonato que fora emocionante e disputado até a sua final (a disputa por pênaltis prova isso), uma vez que toda essa situação poderia ter sido evitada com uma simples medida dessa Comissão: anunciar, antes do início da partida, no microfone do estádio, que se o atleta Pedro participasse do jogo, o Argentino perderia o título. Essa medida simples impediria que os torcedores fossem desrespeitados e, sobretudo, impediria que dúvidas sobre a idoneidade dessa Comissão ficassem no ar. Resta-nos, infelizmente, torcer para que situações como essas não aconteçam mais no futebol jequitinhonhense e torcer para que no próximo ano, se houver campeonato, o título não seja dividido entre dois campeões: um campeão moral e um campeão imoral.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Jequitinhonha representada no Visões do Vale, realizado pela UFMG

mensagem

    Vem aí o Seminário Visões do Vale VI um espaço aberto para que membros de universidades, poder público, terceiro setor e sociedade civil possam compartilhar e discutir suas experiências e percepções sobre o Vale. O tema deste ano é Vale do Jequitinhonha: cultura e desenvolvimento. O Seminário vai abordar os diferentes aspectos da região que influenciam sua economia e desenvolvimento cultural. O Visões acontecerá nos dias 03 e 04 de novembro, no auditório 1 da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, campus Pampulha. os interessados em participar do Seminário como “ouvintes” poderão se inscrever através do e-mail visoesdovale@proex.ufmg.br. As inscrições podem ser feitas até o momento do evento, mas atenção! As vagas são limitadas. Não deixe sua inscrição para a última hora. Em anexo segue programação completa do evento. Mais informações sobre o evento e inscrições estão disponíveis no portal do Programa Polo: www.ufmg.br/polojequitinhonha. PARTICIPE E NOS AJUDE A DIVULGAR! Orgulho-me de participar, com o trabalho "Jequitinhonha: a cidade da alegoria e do devaneio" do Visões do Vale, e, orgulho-me, sobretudo, de ser uma pesquisador que não é movido pelo sentimentalismo exótico em relação ao Vale e pelas cansativas e repetitivas pesquisas, as quais, voltam-se, endemicamente, e, infelizmente, somente ao artesanato, à agricultura, à história, à geografia e à parasitoses da região. Reconheço que essas pesquisas são importantes,mas, deve-se diversificar as áreas de pesquisa sobre o Vale. E é isso que procuro fazer ao desenvolver pesquisas sobre a literatura da região.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vereador Gêra Ornelas envergonha os jequitinhonhenses

Vereador despacha de samba-canção na Câmara de BH


Vídeo foi descoberto pelo MP em contexto de corrupção. Em uma das cenas, Gêra aparece sozinho instalando a câmera. Em outra, uma jovem é acariciada

Flávio Tavares/Reprodução
Gêra Ornelas
Na sequência, o vereador Gêra Ornelas vê o melhor ângulo para fazer a tomada em seu gabinete
Um vídeo obtido com exclusividade pelo Hoje em Dia e que está em poder da Justiça de Minas Gerais dá mostras por que a Câmara Municipal de Belo Horizonte ganhou o apelido de “Casa do Espanto”. Com cerca de 14 minutos, o filme é estrelado pelo vereador Geraldo Ornelas Guimarães, o Gêra Ornelas (PSB), de 61 anos, um dos mais veteranos da Câmara, com quatro mandatos consecutivos. Em uma das cenas ele aparece sozinho, sem camisa e usando uma cueca samba-canção branca com detalhes em azul. Em outra imagem, o parlamentar é flagrado acariciando os cabelos de uma jovem portando documentos que se assemelham a boletos de contas de água.

A filmagem reproduzida nas fotos da reportagem tem como palco o gabinete do parlamentar na sede da Câmara. Não dá para saber quando o vídeo foi gravado.
Além de ser o protagonista das cenas, Gêra é também o responsável pela produção e direção do filme num comportamento conhecido como exibicionismo compulsivo. Ou seja, é o próprio parlamentar socialista quem realiza as filmagens ocultas com uma câmera escondida numa caixeta de papelão.

Ao todo, o vídeo possui 45 minutos de duração sendo 14 minutos de imagens gravadas dentro da Câmara e o restante em tomadas externas recheadas de cenas proibidas para menores.

Para piorar a situação do vereador – que tem tudo para virar alvo de um processo por quebra de decoro –, o vídeo veio à tona em um contexto de corrupção. Gêra é acusado pelo Ministério Público Estadual (MPE) de ter montado um esquema de mensalinho no gabinete. Tanto que virou réu em uma ação de improbidade que corre no Tribunal de Justiça do Estado. Nela, o MPE pede o afastamento do cargo, o ressarcimento dos valores recebidos a título de propina e o sequestro de bens.

Em troca da manutenção do emprego no gabinete, ele extorquia, segundo o MPE, parte do salário de um assessor. Insatisfeito com os achaques, o ex-funcionário confiscou uma cópia do vídeo e entregou para um grupo de promotores de Justiça de Belo Horizonte.

Na denúncia, os promotores sustentam que o vereador amealhou R$ 690.182,23 pelo esquema de pagamento do mensalinho. Com autorização da Justiça, o MPE conseguiu a quebra do sigilo bancário e descobriu que o dinheiro foi depositado na conta corrente do parlamentar no período de 1997 a 2006. Convocado a prestar esclarecimentos, Gêra não conseguiu comprovar a origem do recurso.

Para reforçar o pedido de afastamento, os promotores fazem menção a filmagem. “Fita de vídeo anexada à investigação e ora incorporada aos autos mostra a prática de atos libidinosos pelo vereador Geraldo Ornelas Guimarães em seu gabinete parlamentar, no prédio da Câmara Municipal”, relatam.

E prosseguem: “O elemento grave e inaceitável nos atos praticados pelo requerido é o mau uso da máquina administrativa em todos os níveis, em proveito pessoal, sem barreiras éticas ou morais, com o nítido propósito de obtenção de vantagem. O cargo público é utilizado somente como passaporte para a consecução de objetivos primitivos e ilícitos”. O TJ ainda não se posicionou sobre o escândalo.

Cidadãos como o senhor Gêra Ornelas deveriam ter extinto o gentílico jequitinhonhense de sua carteira de identidade. E o pior é saber que a comissão organizadora da medalha Alferes Julião Fernandes Leão condecorou esse político e cidadão sem decoro com a maior honraria que um jequitinhonhense pode  receber. Creio que não só o mandato desse vereador deveria ser cassado, mas também deveriam ser cassados os mandatos de toda a comissão organizadora da medalha, a qual concedeu ao Gêra essa honraria. Gêra Ornelas envergonha aos jequitinhonhenses. Devolva a medalha Gêra!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Texto do mês de outubro da minha coluna no jornal Informativo, de Jequitinhonha

                                                                        
                                                                          A vida é assim

Depois de uma ausência descarnada de quase quinze anos, o mestrado me proporcionou morar, novamente, em Jequitinhonha, ainda que esse morar seja indefinitivo. Neste meu retorno, pude voltar a conviver e a ter o privilégio de conhecer pessoas como o Sr. Valdívio Gil de Souza. Conheci-o no bar Lambari, às margens do sossego brisante do Jequitinhonha, em uma sexta-feira matinal em que as sofrências da escrita da dissertação cederam lugar à boa prosa. Quando cheguei ao Lambari, acompanhado do meu tio Pedro, que passava férias na cidade, o Sr. Valdívio já estava tomando a sua cervejinha. Ao sentarmos na mesa ao lado da dele, notei que nos olhou desconfiado, quase pedindo um cumprimento. Fiz um gesto tímido com a cabeça, o qual logo fora interrompido pela chegada de uma cerveja canela de pedreiro, como diria a minha sobrinha Lorena. Após esse ínfimo cumprimento inicial, dispersei-me com os eloquentes assuntos de tio Pedro. Entre alternados lambaris fritos e goles de cerveja, conversamos sobre a construção da ponte e, consequentemente, sobre o lucro que vendedores de para-quedas terão em Jequitinhonha, uma vez que muita gente incrédula disse pularia de cima dessa ponte se ela fosse construída. Conversamos sobre a brilhante exposição “Cores e Movimento”, da artista plástica e pintora Marina Jardim, da cidade de Rubim, e sobre a encantadora exposição fotográfica acerca dos duzentos anos da cidade de Jequitinhonha que ficarão à mostra na Casa de Cultura de Jequitinhonha até o dia 28 de outubro. Conversamos ainda sobre a triste situação do cemitério jequitinhonhense e a falta de respeito e de sensibilidade com os mortos do nosso município, já que o cemitério não possui mais nenhum espaço e os túmulos se amontoam. E conversamos, sobretudo, besteiras de boteco, aquelas que não têm pretensão nenhuma e só servem para provocar risos fáceis.
E foi, então, interrompendo um desses risos, que o Sr. Valdívio entrou nesta coluna. Ele nos confidenciou que há muito prestava atenção em nossa conversa e, como estava sozinho, queria saber se podia participar do nosso papo. Dissemos que sim e ele começou a se escrever. Filho único, setenta e seis anos bem distribuídos e funcionário aposentado do DER, é dono de um sossego na fala e de uma felicidade contagiantes. Orgulha-se, entre outras coisas, de ter ajudado a construir, em 1965, a ponte de Almenara e de ter participado da construção de várias estradas do Vale. “A vida é assim”, era o bordão que o Sr. Valdir usava entre uma frase e outra. A vida é assim, comecei a refletir. A refletir e a anotar. Anotar no meu celular mesmo. Tomei nota de tudo que o Sr. Valdívio falava. Ele falava e eu anotava. E de vez em quando, perguntava-me: “anotou? Hoje, eu entro na história!” Anotei Sr. Valdívio! Anotei! E ele se divertia: “Ele gosta!” Gosto Sr. Valdívio, gosto! Um gostar que mesmo que eu quisesse, não saberia definir e tampouco fugir. Porque o Sr., Senhor Valdívio, é muito mais que um filósofo-beira-rio, construidor de estradas, de pontes e de frases do tipo: “Muita gente reclama que não teve sorte na vida. O porquê. Provavelmente, porque não dialogou. Na vida, é preciso ter diálogo.” Ou: “Comi o pão bem passado e mal passado da vida”. Ou então: “eu, tu, eles, nós, vós, eles, no singular e no plural”. O Sr., Senhor Valdívio, é muito mais que um caçador que, no passado, caçou no Bom Jardim e na Sapucaia. E muito mais que um pescador que relembra, saudosista, da época em que o rio Jequitinhonha tinha peixe de mais de 50 quilos. O Sr. é muito mais que um jequitinhonhense que sabe tudo de Aroeira, que se emociona ao falar dos filhos e que prefere andar de canoa à andar de helicóptero.
O Sr. é povo. Povo livre. Povo livre e Jequitinhonhense. É o povo que olha no além do horizonte com força descambaiante. Um olhar quieto em si mesmo, ensimesmado, e perdido no dentro do seu jeito onírico. O Sr. pertence a este povo jequitinhonhense que se oculta pelas ruas da cidade e pelos labirintos das roças cheio de história e de alegria para contar. Edgar Quinet, intelectual e historiador francês, certa vez disse que "Os povos livres são os únicos a ter uma história. Os outros, possuem apenas crônicas. São matéria para o erudito, e o gênero humano não os conhece." O Sr., Senhor Valdívio, vai mais além deste texto. Vai mais além das palavras. Vai além do mais além e da liberdade. Porque o Senhor construiu a sua história, a história desta cidade e a história do Vale independente de crônicas e de qualquer tentativa erudita de apreensão. O Sr., Senhor Valdívio, e outros tantos iguais a Você, possuem um segredo esfíngico que nenhuma academia é capaz de decifrar. É por isso, Senhor Valdir, é por isso que eu gosto. O povo possui uma sabença indecifrável e apaixonante que gosto de aprender, que gosto de sentir, pois aprendendo-a e sentindo-a, acabo aprendendo-me e sentindo-me. Aprendo, sinto e lembro daquele adolescente que deixou o município de Jequitinhonha há quinze anos com o desejo de mostrar ao mundo que não éramos o Vale da miséria. Não somos. E aprendi e senti isso não de fora para dentro através dos textos que li, leio e, certamente, lerei sobre o Vale. Aprendi e senti isso não nos seminários, congressos e tantos eventos dos quais participei defendendo e divulgando as coisas do Vale. Aprendi e senti isso aqui. Aprendo e sinto isso aqui. Aprenderei e sentirei isso somente aqui. Por isso, Senhor Valdir, é bom estar de volta e poder aprender e sentir, aprender a sentir, de dentro para fora, esta terra, lugar da sabença, lugar onde o povo é capaz de desconstruir até as “quase-certezas” de autores da corrente da desconstrução, como a do argentino Jorge Luis Borges, no texto “Aqui.Hoje”: “Já somos o esquecimento que seremos. A poeira elementar que nos ignora e que foi o ruivo Adão e que é agora todos os homens e que não veremos”. Parodiando-o e parafraseando-o, eu digo, então, em homenagem ao Sr. Valdívio: já somos a lembrança que seremos. E embora a poeira elementar, os ruivos Adãos e todos os homens que não veremos teimem em nos ignorar, estaremos. Aqui. Hoje. E Sempre. Sim, é gostoso dizer: a vida é assim!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ponte sobre o rio Jequitinhonha


“Minha cidade mistura-se às canoas/ Ao vento que varre a orla do rio”. Estes versos do poema  “A cidade e as canoas”, do poeta jequitinhonhense Cláudio Bento, retrata, fanopeiamente,  a relação metafórica da cidade de Jequitinhonha com o rio e, metonimicamente, porque não dizer, com as suas canoas. Não podemos nos esquecer que as canoas fazem parte do cotidiano do rio Jequitinhonha desde o século XVI. Porém, com o fim do transporte fluvial pelo Jequitinhonha, provavelmente, entre as décadas de 50 e 60, elas passaram a transportar os jequitinhonhenses e os seus pertences apenas de uma margem a outra do rio. Agora, na cidade de Jequitinhonha, essa realidade está prestes a se modificar novamente. Será construída no município, até o fim do ano que vem, uma ponte que ligará uma margem a outra do rio, aposentando, assim, a histórica balsa, que até os dias de hoje ainda faz, heroicamente, o transporte fluvial de pessoas e cargas no município. A ponte, antigo sonho dos moradores da cidade, não só irá ligar a sede do município à zona rural, mas também proporcionará aos jequitinhonhenses, que moram às margens esquerda do rio, serem integrados, plenamente, às políticas públicas municipais, à vida citadina e também ao seu lazer. Muitos duvidaram deste projeto, tanto que disseram que pulariam de cima da ponte quando ela ficasse pronta. Sugiro, então, que comprem bastantes para-quedas, pois a ponte já está sendo construída. O povo jequitinhonhense, até que enfim, poderá conviver sob o signo da unidade. E as canoas e a balsa do município, sossegadamente, continuarão a se misturar à cidade e ao vento que varre a orla do rio. Parabéns ao prefeito Roberto Botelho por mais esta grande obra!

domingo, 2 de outubro de 2011

A VIVO em Jequitinhonha


O médico chega para um paciente e diz:
— Lamento lhe informar, mas o senhor vai morrer dentro de pouco tempo.
— Oh, meu Deus! Que notícia terrível! Quanto tempo eu ainda tenho de vida?
— Dez...
— Dez, o quê, doutor? Dez meses? Dez semanas? Dez dias?
— Nove... oito... sete...

A piada é sem graça, mas a ideia serve para ilustrar a sensação dos jequitinhonhenses que são clientes da Vivo. Nos últimos dias, o sinal desta operadora fora interrompido por diversas vezes, chegando a ficar fora do ar por mais de 24 horas. Um total desrespeito! Jequitinhonha, talvez, seja o único município em que o sinal da Vivo tenha prazo de validade. Isso nos faz, inclusive, sugerir um novo slogan para a próxima campanha publicitária dessa operadora: Vivo, o sinal mais morto do Brasil!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Entrega da Medalha Alferes Julião Fernandes Leão

Nesta sexta-feira, 30 de setembro, o vice-governador do Estado de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho; o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, Dinis Pinheiro; o secretário de governo, Danilo de Castro; e outras dezesseis personalidades receberam a medalha Alferes Julião Fernandes Leão, na cidade de Jequitinhonha, em comemoração aos duzentos anos do município. Infelizmente, a lista de agraciados acabou contando com homenageados que não mereciam receber sequer uma medalha de latão, enquanto que outras pessoas, que, realmente, contribuíram para o desenvolvimento do município, foram esquecidas. Outro fato lamentável foi o ex-prefeito, Antônio Bernadino Guimarães Murta, ser agraciado com a medalha e não ter comparecido à solenidade para buscá-la. Isso, além de ser um desrespeito com o município, é lamentável e inaceitável para quem pretende, novamente, ocupar o cargo de chefe do executivo municipal. No entanto, serve para que o jequitinhonhense pense nos futuros sucessores do prefeito Roberto Botelho e, sobretudo, para que a comissão que indica os homenageados seja mais eficiente e competente da próxima vez!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A minha homenagem aos Duzentos Anos de Jequitinhonha


Ser Jequitinhonhense

Provavelmente, muitos de vocês, já se perguntaram: o que é ser Jequitinhonhense? E o que é o ser Jequitinhonhense? Não, não, não sei. Não sei e sei. E sabendo, digo, desconfiado, nunca soube, quase uma dessabença, que, no final, sempre soube certamente. E a primeira coisa que se mistura, nesta não sabença, é que Jequitinhonhense não se define, porque o Jequitinhonhense, soube, sabe e saberá, desde criança, escapar, fugidiamente, das exatidões grosseiras desta vida para tomar banho no rio. Para olhá-lo sem rima e sem pressa. Para atravessá-lo e desatravessá-lo nele mesmo. Para deitar em seu leito e desaguar as dores. E é isso, talvez,dor em Jequitinhonha é ardor. Um ardozinho cachaço-agudo e sorridente que bate lento, jequitinhonhando. Porque Jequitinhonhense olha profundo e fica. Fica o olhar e fica a pessoa. Jequitinhonhense é um ficar. Nas coisas, no tempo, no barro, no vento. Ser Jequitinhonhense, então, não é um geometricamente falando, mas um falando por falar, no seu quase dialeto irregular, meio botocudo, meio africano, meio luso e arrastadamente baiano. Um idioleto de espírito. Jequitinhonhense é Mata Escura, é Quilombo da Mumbuca, é Gruta da Estiva, é o Tamburi de São Pedro, é a tecelagem do Guarani, é o Bom Jardim, é o Craúno, é a usina de Constantino, é a praia, hoje, submersa, é a Mulinha, é o Labirinto, é o córrego São Miguel, é a Pedra do Sapo, é a Ilha do Pão, é os Traileres, é a arvore, é a memória do Tamarindeiro, é a praça da Matriz, é a lua refletindo o seu rútlio suspiro na noturna água do rio, é As Quatros Patacas, é o Beco do Funil, é a praça da Matriz de São Miguel, é o Lajedão, é a travessia de Balsa e de Canoa. Jequitinhonhense que é Jequitinhonhense mora na metáfora e multiplica o polissíndeto. Jequitinhonhense é um eu e você,que, sendo nós, nunca se divide. Porque Jequitinhonhense está junto, no sempre-junto, no sempre-sempre, e mesmo quando está distante, o jequitinhonhense está aqui, fazendo-nos companhia para não nos sentirmos a sós pelas ruas da cidade. O Jequitinhonhense nunca vai em definitivo, porque indo, ele deixa um pouco de si aqui, um si que se espalha pelos cantos e vira poeira. Poeira jequitinhonhense, misturada ao nosso jequitinhonhismo e a nossa jequitinhonheridade. Ser Jequitinhonhense, portanto, não é um mero gentílico. É um estado permanente de pertencimento que, loucamente, ama. É um amor lembrado que mesmo quando não se quer, que mesmo sem querê-lo, que mesmo sem querência, ele nos invade e pulsa forte. E toma conta. E se alimenta. E se indefine. E Jequitinhonha no ser, no ser tão Jequitinhonhense que jequitinhonhanhinhará,eternamente, dentro e fora de nós.

Duzentos Anos de Jequitinhonha: Poema em homenagem à cidade







Este poema, do poeta José Machado de Mattos, pertence ao livro Jequitinhonha Antologia Poética II, que, na década de oitenta, em conjunto com o livro Jequitinhonha Antologia Poética, caracterizaram-se por inaugurar, dentro da poesia mineira, uma "poética de conhecimento da terra", em que os poetas buscavam descrever, conhecer e dissecar o espaço valejequitinhonhense através da anatomia da linguagem. Hoje, a cidade de Jequitnhonha comemora duzentos anos e creio que este poema representa o que todo jequitnhonhense, no dia de hoje, gostaria de dizer para esta cidade inefável.

Cantiga do Jequitinhonhense

Teus cantos Gerais,
são Minas também.
Teus gritos,
teus ais,
tua calma noturna,
me trazem a ideia do abandono.
Mas tens um rio que mata minha sede
e que me deixa pensativo:
deixar-te pra quê?
Tuas manhãs são ainda
as calmas manhãs do meu passado:
do leite nos currais
e dos pássaros cantando.
Teu sol e solo férteis,
de tanto soluço
me deixam em desespero,
querendo fazer-te um presente.
Então, eu me ofereço a ti:
o meu corpo e a minha alma.
Te estendo os meus braços nus
na areia do teu rio branco de água doce,
doce menino
correndo eternamente para o eterno.
Eis-me cidade,
de peixe-vivo-sonhador,
sonhando e nadando,
nadando e sonhando
em leitos de esteiras, choupanas e mansões,
no berço de São Miguel.
Miguelinho milagroso,
Neste tempo de seca e de espera,
Te espero neste espaço infinito
de céu claro, ar puro e pardalação.
Teus passos são lentos
e me fazem lembrar os passos de uma criança,
que, apesar de se tornar velha,
nunca se envelhece.
Diante dos teus olhos
sinto-me um bêbado apaixonado.
Te vejo mulher, com lábios ainda de mel,
da abelha-doce-jataí,
jorrando farta e forte.
Te furto cidade
Para o reino do meu coração,
Sofrendo este calor
Que o calor da tua gente refresca.
Chamo o teu nome
como um filho chama eternamente
por sua mãe.
Porque em ti nasci,
Em ti cresci.
Jequitinhonha,
jequi das onhas,
onhas do amor.